A Falta de Distribuidoras de Hollywood em Angola leva Cinemax e Zap Cinemas a Portugal.

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A indústria cinematográfica angolana tem crescido nos últimos anos, com redes como Cinemas Cinemax e Zap Cinemas proporcionando ao público acesso a filmes internacionais.


Universal Pictures Angola


No entanto, diferente de outros países como Brasil, Reino Unido, Japão e África do Sul, Angola não possui distribuidoras oficiais de filmes de Hollywood. Em vez disso, o país depende exclusivamente de distribuidoras portuguesas, como Cinemundo, Big Pictures, Warner Bros Pictures Portugal e Universal Pictures Portugal, para a exibição de lançamentos internacionais em seus cinemas. Essa dependência tem gerado uma série de desafios logísticos e culturais, afetando diretamente a experiência do público angolano.


A Dependência das Distribuidoras Portuguesas


Em Angola, todos os filmes lançados em redes de cinema como Cinemax e Zap Cinemas são importados de distribuidoras portuguesas. Isso significa que os cinemas angolanos não têm controle total sobre o material que exibem, e todas as decisões referentes a datas de lançamento, versões dos filmes e material promocional estão nas mãos dos distribuidores em Portugal.


Um reflexo direto dessa dependência é o fato de que, em Angola, os ingressos para filmes não são vendidos com antecedência, como acontece em muitos outros países.  Enquanto em mercados como o Brasil ou os Estados Unidos os ingressos podem ser disponibilizados até um mês antes da estreia, em Angola, eles só são liberados cinco dias antes do lançamento, devido às incertezas logísticas geradas pela necessidade de coordenação com as distribuidoras portuguesas.


Impactos Negativos da Dependência


A dependência de Angola em relação às distribuidoras portuguesas traz uma série de desvantagens, tanto para os cinemas quanto para o público. Primeiramente, os filmes que chegam ao país costumam estar na versão portuguesa, com dublagem e legendas adequadas ao mercado de Portugal, o que pode gerar uma desconexão cultural para o público angolano, que não tem a opção de assistir aos filmes em versões localizadas para sua realidade. Além disso, o material promocional, como cartazes e trailers, não pode ser adaptado para incluir referências locais ou a classificação indicativa angolana, limitando a personalização do conteúdo para o público.


Outro ponto crítico é a questão do reconhecimento das bilheteiras. O Box Office, responsável por registrar as receitas de bilheteria dos filmes, reconhece apenas as bilheteiras de Portugal, ignorando os ingressos vendidos em Angola, mesmo que o filme tenha sido exibido simultaneamente nos dois países. Isso significa que o sucesso de bilheteria em Angola não é devidamente contabilizado nos relatórios globais, diminuindo a visibilidade do mercado cinematográfico angolano.


Mas por que Portugal como Parceiro?


Dado o cenário de dependência de Angola em relação a Portugal para a distribuição de filmes, é importante entender por que o país recorre a esse parceiro em vez de outros, como o Brasil ou os Estados Unidos. Um dos principais motivos é a relação histórica e cultural entre Angola e Portugal. Desde o período colonial, os laços bilaterais entre os dois países têm sido fortes, com muitas empresas portuguesas atuando em Angola em diversas áreas, incluindo o setor cinematográfico. Além disso, todas as redes de cinema em Angola são administradas por empresas portuguesas, o que facilita ainda mais essa parceria.


Outro fator importante é a proximidade linguística. Embora Angola e Brasil compartilhem o mesmo idioma, as empresas de distribuição cinematográfica brasileiras têm menos presença em Angola em comparação às portuguesas. Portugal, por sua vez, oferece uma infraestrutura de distribuição já consolidada, facilitando o acesso aos filmes de Hollywood por meio das suas distribuidoras.


Conclusão


A ausência de distribuidoras de filmes de Hollywood em Angola cria uma dependência significativa do país em relação a Portugal para o lançamento de filmes internacionais. Isso impacta negativamente a personalização do conteúdo para o público angolano, desde a dublagem até o material promocional, além de prejudicar o reconhecimento das bilheteiras locais no cenário global.


Apesar dessas desvantagens, as relações bilaterais e os laços históricos entre Angola e Portugal justificam, em parte, essa escolha. Para o futuro, a diversificação de parcerias ou a criação de uma estrutura de distribuição própria em Angola pode ser uma alternativa para fortalecer a indústria cinematográfica local e proporcionar uma experiência mais alinhada com a realidade do país.

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